(continuação da postagem anterior)
Então foi assim: no dia
seguinte à chegada, bem cedo, pusemos dois barcos na água e saímos, subindo o
rio, para gastar a sorte pela primeira vez. Paramos abaixo de um pequeno salto
das águas, com mais ou menos um metro de altura, mas que cobria toda a largura
do Urucuia, como um grande degrau. O senhor Miguel Rotondo e o Wilson Guimarães
resolveram pescar de dentro do barco, aproveitando a posição privilegiada no
meio do rio para lançar os anzóis paralelos à correnteza. Miguelzinho,
Guilherme, Marcos, Luís e eu amarramos o outro barco junto a uma pedra que
beirava o rio por aproximados quinze metros, situada logo abaixo da
cachoeirinha. Luizinho iscou com minhocuçu os anzóis de uma vara de fibra, que
deixou em cima da pedra, com os anzóis iscados dentro d’água, sem notar, na
pressa de aprontar outro equipamento semelhante para começar a pescar, que tudo
podia ir parar dentro d’água. Não deu outra: a primeira vara escorregou de uma
vez para dentro do rio, com molinete e tudo, sem nenhuma chance de alguém evitar
sua queda pela margem lisa e arredondada da pedra.
Eu já pescava; isto é,
tinha feito um bom arremesso e esperava... Logo senti um pequeno puxão na minha
linha, seguido de vários outros. Os leves beliscões indicavam que um peixe
mordia a isca. Mas não podia ferrar o danado porque ele não corria com o anzol,
só ficava dando aqueles miseráveis arrancos sem carregar a isca. Pensei que era
talvez um mandi, apesar de saber que, mesmo pequeno, este peixe consegue
engolir anzóis bem grandes por causa do tamanho da boca. Tudo ficou na mesma
durante mais alguns segundos. Porém um arranco mais forte fez com que eu
puxasse com força a minha vara, que vergou toda. Minha alegria durou pouco,
pois tive a certeza de que não pegara peixe, mas sim um enrosco, pois a vara estava
vergada por um peso inerte, que arrastei devagar até a superfície do rio. A
nossa surpresa foi grande: agarrado ao meu anzol, apareceu o equipamento
perdido há pouco pelo Luís, vara com molinete e linha.
Rimos muito, de novo. Era
de fato uma proeza, ainda que casual, a recuperação do apetrecho de pesca do
nosso companheiro.
Luís, então, pôs-se a
enrolar a linha. Quando terminou de puxar a parte que estava frouxa, sentiu que
havia alguma coisa presa a ela; é peixe, disse. Para espanto de todos, apareceu
balançando na extremidade da linha um dourado de um quilo e duzentos, mais ou
menos. Não tivemos jeito de devolvê-lo às águas, pois o dourado é um peixe
muito lutador, e morre logo se durar muito tempo o violento esforço que faz
para se livrar do anzol. Luizinho, que havia recebido de mim o equipamento já
dado como perdido, disse que pelo menos o dourado eu levaria porque, na
realidade, fora eu quem o havia pescado.
Antes de regressarmos, oito
dias depois, na metade do mês de maio, o companheiro Miguel Rotondo (pai)
recebeu os elogios da turma devido ao preparo de um dos melhores peixes assados
que já saboreei: um curimbatá de rio (peixe com 24 espécies distribuídas em
todo o Brasil), com 4 quilos, que derreteu nas nossas bocas, outra boa
lembrança da aventura que perdurou até hoje em nossas memórias.
F I M
6 comentários:
Oi La,
Bons tempos...fiquei feliz por ter resgatado a "tráia" de pesca do colega.
Abs,
Ah, esqueci de dizer que me senti saboreando o peixe...rsss
Bjs,
Luiza,
Muito obrigado pelas suas palavras, que sempre me incentivam.
Meus parabéns pelos mais de 300 mil visitantes do seu blog Etiquetagem, em tão curto tempo. Abrs.
Lamartine
Querido mano,
Passei para dar um abraço apertado e agradeço seu comentário.
Seu blog é maravilhoso.
Sucesso!!!
Pelo menos vieram com um dourado nas mãos. Que me deu vontade de comer um peixe assado, deu!
Marlise,
Seus comentários são sempre bem-vindos. Apareça sempre!
Pena que a pescaria gorou, e eu não pude trazer um peixe bem grande para você. rsss
Lamartine
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