sábado, 19 de janeiro de 2008

Perguntas (1)

Há perguntas de todo jeito. Como “To be or not to be...”, a famosa questão de Shakespeare, cujas controversas respostas ainda agitam a opinião de muita gente. Entretanto, “para perguntas imbecis, respostas cretinas”, conforme reza o refrão popular... Às vezes, nem merecem resposta.
“Vana verba”. As palavras são vãs e nem sempre exprimem da melhor forma o pensamento. Então, os equívocos e distorções se sucedem. Mas algumas pessoas, com razão ou sem, continuam perguntando:
– Quanto você ganha?
Gerada, às vezes, por pessoas que não têm outra coisa a fazer senão jogar conversa fora. Mas o outro geralmente não percebe a eventual falta de malícia e se aborrece. Normalmente, quando a pergunta é enunciada pra valer, deve-se estar preparado: mais cedo, provavelmente, ou mais tarde alguém vai levar uma facada.
Só se admite esta pergunta no preenchimento de ficha cadastral.
– É sua filha?
Quando o casal encontra-se com um amigo antigo que conhece apenas o marido: as conseqüências da pergunta são imprevisíveis.
– Posso descascar esse abacaxi pra você?
Esta não é uma pergunta, é uma declaração de amor. Porém, se for dita na forma afirmativa o desconfiômetro deve ser ligado. O “posso” passa a ser quase condicional e a condição pode ser cara. É melhor que o abacaxi seja descascado pelo dono.
– Qual é a sua idade?
Engana-se quem pensar que só as mulheres se irritam com a questão. Aberta a temporada do culto ao corpo , os homens também querem parecer mais jovens. Tem muito coroa pintando os cabelos e repuxando as rugas da cara. Possivelmente têm razão, mas a repulsa à pergunta já pode ser sentida. Até os adolescentes não gostam. Mas, com estes, o motivo é outro: desejam ser vistos como pessoas de mais idade para fazer o que adultos fazem impunemente.
– O que é mesmo que você quis dizer com isso?
Esta pergunta presume que algo foi dito antes e que o interlocutor não entendeu nada; ou entendeu, mas quer que tudo seja trocado em miúdos. Provavelmente, ele não gostou ou ficou ofendido. Faz a pergunta bancando o inocente, só para dar uma chance ao outro de se enredar melhor.
Não é indicado sair pela tangente, sugerindo: “Vamos tomar uma cervejinha? Eu pago!” Ou apelar para as condições do tempo: “Mas tá quente, hein?” Não vale, também, querer desistir do papo assobiando “Detalhes”, porque não haverá paz até que tudo seja explicado direitinho, ou se faça um razoável pedido de desculpas.
– Benzinho, você já me traiu?
É o tipo da interrogação de intenção aparentemente carinhosa, mas imbecil, em verdade. O interrogado geralmente faz cara de tonto e procura, às vezes, como no caso anterior, mudar de assunto. Aí é que se ferra, tentando uma escapatória, pois é um indício seguro de que está escondendo jogo. Naturalmente, tem muita gente que não é infiel. Mas a traição não se consuma só por atos e é aí que a pergunta complica a vida de grande número de amorosos. Não respondendo rápido, dá motivo ao outro de pensar que tem culpa no cartório. Negando, muitas vezes não passa de um grande mentiroso, mesmo que arrependido. Uma saída cínica, portanto não recomendada, é repetir a pergunta ao parceiro antes de responder qualquer coisa.
– Você conhece o Mário?
Para esta, a melhor resposta é o silêncio. Afinal, todo mundo sabe que não se deve opor a essa pergunta outra pergunta: “Que Mário?”

Um comentário:

Anônimo disse...

Lá,
Pior ainda eu acho a pergunta: "Vc está gravida"? e a pessoa não estar é o fim...
Passei por essa saia justa uma vez e sinceramente foi uma das situações mais desconcertantes que vivi.
Portanto, sugiro que, quando nos depararmos com alguma mulher que pareça estar grávida, nunca faça a pergunta!!!!!!
Um abraço da mana,
Luiza