quinta-feira, 5 de junho de 2008

UM ANÔNIMO LOUCO

Da primeira vez,
Sentado na soleira do portão,
Olhos mansos – pobre! – chorava
E não se lhe via na face
O menorzinho sinal de emoção:
Louco!

– Mamãe, mamãe, que é que ele tem?
Que homem engraçado, olha...
Está olhando, olhos molhados,
Mas não parece que não vê?
Não é quem os grandes chamam
Louco?

– Psiu! Ei, você! Saia daí!
Não sei, filho, como é que podem
Deixar essa gente andando assim;
Esse tá bom é pro hospício,
Tá se vendo o que ele é:
Louco!

Os olhos giraram algumas vezes
Nas órbitas sujas de remela
Como para secar a água que corria;
E o rosto deixou ver, por instantes,
Uma cara – juro – que era pura cara de
Louco!

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