segunda-feira, 24 de setembro de 2012

HINOS NACIONAIS (2)* (Parte 1ª/2)


Escrevi, em Hinos Nacionais (1)*, que, em muitos casos os hinos ditos patrióticos, estas composições musicais geralmente executadas em cerimônias oficiais de governos ou em eventos sociais, têm a tendência declarada ou subentendida, em suas letras, de inclinar-se para a resolução de seus problemas internos e com outros países, sejam econômicos, sociais, políticos etc., através da violência das guerras e das revoluções sangrentas e ou promotoras da prisão, da tortura e do exílio.
O nosso admirado e emocionante hino não escapa ao exame, quando diz: “Se o penhor dessa igualdade / Conseguimos conquistar com braço forte. / Em teu seio, ó liberdade, / Desafia o nosso peito a própria morte!”. Certamente o penhor da própria vida pela perpetuação da liberdade da Pátria é uma ação mais que desejável da parte dos cidadãos e cidadãs aptos para a luta armada. Mas penso que este símbolo nacional não deveria apregoar a luta, mesmo porque é entoado por crianças, idosos, deficientes físicos etc., que, às vezes, não têm condições de cumprir na íntegra as próprias atividades, quanto mais de assumir o compromisso implícito de lutar em uma guerra.
Depois, já na segunda parte, afirma: “ ‘Paz no futuro e glória  no passado’ “ A palavra “paz”, no sentido que exprime no verso, indica seu antônimo “guerra” — vencida por nós, obviamente —, grafada metaforicamente como “glória”.
Ainda: “Mas, se ergues da justiça a clava forte, / Verás que um filho teu não foge à luta, / Nem teme quem te adora a própria morte”. Os versos falam por si mesmos, dispensam comentários...
Um dos versos do nosso hino, aquele que diz: “Deitado eternamente em berço esplêndido,” que inicia a segunda parte da música, tem causado alguma polêmica. Alguns acham que a expressão “deitado eternamente” não condiz com os ideais de desenvolvimento almejado pelo povo brasileiro. Em quem o canta ou escuta e presta atenção à letra, deixa a impressão de um gigante adormecido para sempre, impotente, preguiçoso.
Pensei que ficaria conforme um texto em torno de “Nascido ternamente em berço esplêndido”, que aproveitaria quase integralmente a palavra “eternamente”, mudando para melhor o seu sentido.. Mas achei a frase piegas. Depois de algumas tentativas, encontrei estes versos: “Nascido realmente em berço esplêndido” e “Nascido heroicamente em berço esplêndido”, que não comprometem a métrica do poema nem a melodia da composição, constituindo, as duas, fruto da realidade do início do Brasil como nação soberana.
O Congresso Nacional tem poderes para decretar a pequena modificação, tão parecida e coerente com a letra original que passaria despercebida da maioria da população em menos de três meses. Creio que, se algum dia o Congresso Nacional decidir fazer a mudança, e sejam esses versos levados a seleção entre outros,  serão fortes concorrentes para figurar no texto do Hino.
(Continua na próxima postagem.)

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