quarta-feira, 13 de fevereiro de 2008

FELICIDADE, FELICIDADE, FELICIDADE (parte 2ª/5)

(continuação)
Em Diadema, na Grande São Paulo, Roberto Eduardo recebeu o seu exemplar na mesma manhã que Antônio Carlos, apesar de morar mais distante de Belo Horizonte.
Após ler a carta, Roberto Eduardo passeava de um para o outro lado da sala. Procurava um novo emprego, pois fora despedido recentemente, o que justificava sua presença em casa naquela hora da manhã de uma quinta-feira. Sua mulher já lhe perguntara por que ele estava andando de um lado da sala para o outro. Respondera: — Nada, não... — mas com a certeza de que Armanda sabia que ele estava mentindo. Ora, ora, ora, por que não ficou sentado espiando a televisão, só espiando, sem prestar atenção, em vez de ficar andando de um lado para o outro, feito um presidiário em sua cela? Ela não teria reparado... Mas ela não podia mesmo lhe dispensar mais quase nenhuma atenção, pois trabalhava feito uma condenada para manter a casa apresentável.
Roberto Eduardo tinha vergonha disso, mas nunca recebera um salário que lhe permitisse pagar uma empregada para ajudar a sua mulher. O dinheiro mal dava para as despesas comuns. Agora, então, que estava vivendo com a ajuda do salário-desemprego!...
Desde o momento em que lera a carta, Roberto Eduardo dividia-se entre a adoção de dois procedimentos: aceitar, ou não aceitar, a oferta do Arquiteto. Assim, com maiúscula, um apelido. Sempre pensara no nome da profissão do irmão dessa forma, porque fora ele o único que se formara. Lembrou-se da festa de formatura, e do porre de Fogo Paulista que outro irmão, o Carlos Antônio, amarrou naquela ocasião e da briga que o bêbado começou com um músico do conjunto que animava a festa. Por causa de um pandeiro, que Carlos Antônio insistira em tocar sem entender nada de música. “Não, a oferta do Arquiteto não posso aceitar”, pensou. “Nunca pedi nada a ninguém, não vai ser hoje... De noite, quando a Armanda for dormir — ela dorme cedo —, respondo à carta, agradecendo. Não vou ficar devendo favor para o Arquiteto nem para ninguém...”, decidiu Roberto Eduardo.
(continua)
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