terça-feira, 19 de fevereiro de 2008

FELICIDADE, FELICIDADE, FELICIDADE (parte 3ª/5)

(continuação)
O ar condicionado tornava muito agradável a temperatura dentro do escritório de Augusto César, situado num edifício comercial no centro de Uberaba. A construção destacava-se das demais — erguidas numa praça arborizada e bem-cuidada — pelo luxo de suas instalações e de seus escritórios. O escritório de corretagem de Augusto César era o mais luxuoso do prédio, qualquer um podia perceber isso. Ele ficara milionário negociando gado de corte naquela próspera cidade do Triângulo Mineiro.
A sua secretária, na ante-sala, comunicou-lhe pelo interfone:
— Sr. Augusto César, descobri o número do seu irmão, em Belo Horizonte. A ligação está pronta. Ele está na linha...
O empresário tirou o fone do suporte, disse “Alô”, e ouviu durante alguns instantes. Apagou o cigarro no cinzeiro lotado, pensou que precisava parar de fumar, acendeu outro e perguntou:
— É verdade?! Então você ganhou o prêmio, mesmo?!
Ficou ouvindo o seu interlocutor por um momento. Depois o interrompeu, categórico:
— Veja bem, mano, fico contente de você ter se lembrado de mim. Mas vou agradecer sua oferta. Quem sabe os outros irmãos precisem, não é? Ouvi dizer que o Carlos Antônio... Ah! Você também sabe... Depois, há esse negócio de declaração, testemunhas... No papel ou no telefone não é comigo... Você me desculpe a pressa, mas estou esperando uma ligação de um fazendeiro de Goiás, confirmando a remessa de mais oitocentas cabeças de gado, que eu vou deixar engordando em regime de semi-confinamento... Está bem, quem sabe iremos juntos, algum domingo desses, ver um Atlético e Cruzeiro no “Mineirão”?... É, de jatinho fica mais fácil!... Bem, mano, foi bom falar com você... Tchau! A gente se vê...
Augusto César depôs o fone no apoio. “Que rabudo”, pensou, “ele acertou a Mega-Sorte com um volante só... Eu, que já gastei uma fortuna nos sorteios, nem a quina acertei ainda”.
* * *
(continua)

Um comentário:

Anônimo disse...

Aguardando o final do conto. Abraço.