sexta-feira, 8 de agosto de 2008

BONECA COBIÇADA (parte 6ª/7)

(continuação)
Com as pernas bambas, Rubens ruma ao armário. Serve-se com uísque. Tira uma lata de cerveja da geladeira e a entrega ao ladrão. Abre um vidro de azeitonas pretas, coloca-o sobre a mesa baixa, em frente aos sofás, perto dos amores-perfeitos oferecidos a Maysa por César Augusto. O dono do apartamento, que já bebeu metade da dose dupla que despejou em seu copo, senta-se no mesmo lugar. O ladrão saboreia a cerveja, com um olhar sonhador pousado na dama de óculos escuros.
— Ela é muito interessante, moço. Tem nome?
— Tem. É Maysa — entregou Rubens.
— Maysa é chique. Conheço uma Maísa, mora perto do meu barraco, mas não chega nem perto dessa aí. Quero levar ela.
— Mas, chefe, por quê?
— Por que o moço fica com ela em casa?
“Eu sabia que ele ia perguntar isso”, pensa Rubens. E responde ao ladrão, com a mesma resposta que dá sempre a todos, que ela lhe faz companhia.
— Então eu quero levar ela, pra ela me fazer companhia também — retruca o larápio.
— Olha — diz Rubens, abrindo a carteira —, pode levar todo o meu dinheiro, e o cartão de crédito... Pode levar até a televisão e o computador e o fax, mas deixa a Maysa aqui.
O ladrão pega o dinheiro, conta e devolve o cartão de crédito.
— Hum... Menos de um salário-mínimo... O cartão, não quero; você bloqueia, e eu posso entrar em cana. A televisão, também não: já pensou, eu carregando uma “vinte-nove-polegadas” nas costas pela madrugada afora? A dona-justa logo, logo, me enquadrava... Vou levar é a Maysa, mesmo, e o moço vai colaborar.
— Colaboro, sim! — conforma-se Rubens. — Mas não leva a Maysa, por favor! Tenho outras coisas de valor que você pode carregar facilmente...
(continua)

Um comentário:

Anônimo disse...

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